domingo, 8 de fevereiro de 2009

Solidão e Modernidade

PÚBLICO, MASSA E MULTIDÃO

Ao preparar mais uma aula de Teorias da Comunicação, me deparei com o livro "Teorias da Comunicação" de Ivan Carlos Andrade de Oliveira.

No capítulo "Público, Massa e Multidão" o autor abre com a citação " É uma grande desgraça não poder estar só", do escritor Edgar Alan Poe em 1840, classificado na época como um conto filosófico "O homen das Multidões". É narrado por um homem que vai a Londres fazer um tratamento de saúde e se diverte observando, do saguão do hotel, a multidão que passa na rua. No começo via apenas uma multidão indistinta, mas logo começa a prestar atenção nos detalhes e consegue ver padrões de roupas, comportamentos, jeitos de andar. Vários públicos se descortinam à sua frente: escreventes, homens de negócios, advogados e homens de lazer...

À certa altura, um homem chama a sua atenção. É um velho de 60 a 70 anos. Sua fisionomia apresenta um misto de triunfo, alegria, terror e desespero.

A impressão causada pelo personagem é tão forte, que o narrador passa a segui-lo. O homem envereda pela rua repleta de gente e, chegando à praça, passa a andar em círculos, confundindo-se com a multidão. Quando o fluxo diminui, o velho se sente angustiado e procura outra multidão. A narrativa acompanha durante toda a noite sua busca por agrupamentos humanos.

No final, o escritor o abandona com um comentário: "Esse velho é o tipo e o gênio do crime profundo. Recusa estar só. É o homem das multidões. Seria vão segui-lo, pois nada mais saberei dele, nem de seus atos. O pior coração do mundo é mais espesso do que o Hortulus Animae e talvez seja uma das grandes misericórdias de Deus o fato de que ele jamais se deixa ler".

Em "O Homem das Multidões" , Edgar Alan Poe antecipou em muitos anos a discussão sobre a sociedade de massa.

Aí pergunta-se: o que é sociedade de massa?

É uma cultura vernacular, isto é, do povo que existe numa sociedade moderna. O conteúdo da cultura popular é determinado em grande parte pelas indústrias que disseminam o material cultural, como por exemplo as indústrias do cinema, televisão, música e editorais, bem como os veículos de divulgação de notícias.

No entanto, a cultura popular não pode ser descrita como o produto conjunto dessas indústrias; pelo contrário, é o resultado de uma interação contínua entre aquelas e as pessoas pertencentes à sociedade que consome os seus produtos.

O comportamento de massa é uma novidade do século XIX e surge em decorrência do processo de industrialização e desenvolvimento dos meios de comunicação de massa.

A massa age como multidão, de maneira irracional e manipulável, Mas não há proximidade física.

Nos grandes centros, as pessoas estão isoladas, tomizadas e a principal influência aaba sendo os meios de comunicação de massa. É a multidão solitária.

A principal característica da massa é o pseudo-pensamento. A massa acredita que pensa, mas só repete o que ouve nos meios de comunicação de massa. Segundo Luiz Beltrão, o poder massificante da sociedade é de tal ordem que o indivíduo se recusa a acreditar que é apenas uma peça da engrenagem social e que suas ideias são ideias que lhe foram implantadas pela mídia. Ao ser perguntado o porquê de suas ideias, o integrante da massa repitirá exatamente o que ouviu de seu apresentador de TV favorito. Ou então dirá simplesmente: É claro que é assim. Você não viu que saiu no jornal? ou "mas todo mundo gosta disso, por que você não gosta?"

O comportamento de massa fica claro em pessoas que têm ânsia de andar sempre na moda. Vestir a roupa do momeno é uma forma de não "estar por fora". Claro que quem ditará o que é moda são os meios de comunicação de massa, que se aproveitam dessa necessidade de rebanho, de aceitação social, para vender seus produtos e manipular a massa.

Como a massa não pensa, ela precisa de alguém que pense por ela, ela precisa de um pai, que lhe diga o que fazer. Esse papel ja foi exercido por líderes políticos, como Hitler e Getúlio Vargas. Não é à toa que o ditador brasileiro era chamado de "pai dos pobres". Hoje quem normalmente exerce essa função são figuras importantes da mídia, tais como apresentadores de TV. Esse inclusive é um fator potencialmente perigoso da massa.

Como obedece cegamente aos impulsos recebidos pela mídia, a massa pode adotar um tom de verdadeiro fanatismo contra qualquer um que ouse discordar de seus pontos de vista.

Como a massa não tem consciência de sua situação, ela é feliz, feliz como o gado na engorda. Não é à toa que Zé Ramalho nos diz, em música cantada como toada de boi:

"Eh!

Oh! Oh! Vida de gado

Povo marcado eh!Povo feliz".

O homem das mulidões de Poe era um homem-massa, incapaz de estar só, mas também incapaz de criar relacionamenos profundos. Sua única aspiração era ser aceito pelo grupo, mesmo que para isso precisasse scrificar sua identidade. Poe o abandona dizendo que de nada adiantaria continuar a seguí-lo, pois tudo que se poderia saber dele já se sabe.

A terceira forma de comportamento coletivo é o público. Sua característica é ser racional e defender sua individualidade. Enquanto que na multidão o indivíduo quer ser anônimo, enquanto namassa, quer ser igual aos outros, no público ele quer ser ele mesmo.

O público não se deixa manipular e seus argumentos são frutos de um raciocinio interior. Defende um pono de vista porque refletiu sobre ele e chegou àconclusão de que essa é a melhor ideia, e não porque alguém lhe disse.

Da mesma forma que a mídia cria a massa,pode também ajudara criar o público.

Com a finalidade de se criar uma consciencia crítica espero, através do texto apresentado, de Ivan Carlo Andade de Oliveira, contribuir para que possamos pensar a comunicação de uma forma mais ampla e de como ela age denro da sociedade de massa.

Deixe aqui seu comentário, abraços,

Professora Rita

Um comentário:

  1. Muito interessante o texto, principalmente no que se refere a cominicação de massa e como passamos a ser moldados por essa mídia que nos bombardeia dia após dia. Acho que desse texto podemos refletir um pouco sobre a essência do "eu" e nos leva a pensar sobre a importância do conhecimento, pois acredito que o único caminho que pode realmente nos diferenciar dessa engrenagem esmagadora que é a sociedade, é o conhecimento, e também o conecimento de sí próprio.

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